Minha questão é saber como o ser humano pode viver melhor, e isso só a filosofia é capaz de responder...
"
Como os gregos, nós hoje achamos que uma vida mortal bem-sucedida é melhor que ter uma imortalidade fracassada, uma vida infinita e sem sentido. Buscamos uma vida boa para quem aceita lucidamente a morte sem a ajuda de uma força superior." (Luc Ferry)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

As 7 idades dos sistemas de recuperação da informação

Reproduzo abaixo artigo do nosso amigo Aldo Barreto
Michel Lesk , professor americano, tem um famoso artigo chamado: "As 7 idades dos sistemas de recuperação da informação" onde marca o inicio da sua cronologia existencial em 1945 com o artigo de Vannevar Bush, "As we May Think" a informação passou, então, pelas seguintes fases:

Infância (1945-1955)
Idade escolar (1960s)
Idade adulta (1970s)
Maturidade (1980s)
Crise da meia idade (1990s)
Realização (fulfilment) (2000s)
Aposentadoria (senilidade) (2010)

Segundo Lesk, "Shakespeare chama o último tempo como o da senilidade. Nesse ponto 65 anos após o artigo "As we may think" pode-se imaginar que, todo o trabalho de conversão para texto digital acabou; existe uma nova escrita multimídia e a informação pode ser recuperada e consultada de todos os lugares. Os prédios das bibliotecas, nos campus das universidades, estão sendo solicitados para outros usos."

"Uns poucos intelectuais, da cultura de elite ainda, irão ler manuscritos e antigos arquivos e continuarão em busca de espaços para lerem enigmáticos livros" [tradução livre do texto de Lesk]

A realidade adiciona verdade às previsões de Lesk: abriu nesta semana a Europeana o site das bibliotecas nacionais europeias com seus documentos disponíveis em formato digital e após 10 milhoes de acesso na sua primeira hora teve que fechar para reabrir em nova data em uma configuração mais "robusta" [veja em http://www.europeana.eu/portal/]

"De que vale está luz se ela não brilha em nós" indica Elio Gaspari em sua coluna do jornal O Globo de 23/11/2008.

Cito partes da sua crônica:
"Em 1941, o bruxo argentino Jorge Luis Borges escreveu “A biblioteca de Babel” e contou o mistério do “Livro total”. Seria “o compêndio perfeito de todos os demais”, receptáculo de todo o conhecimento humano. O tesouro estaria perdido. Pobre Borges. Não viveu o suficiente para ver que são inesgotáveis as horríveis imaginações da mente.

Em Brasília e Goiânia existem bibliotecas muito mais cerebrinas [fantásticas ?]. Burocratas da cultura associados a empreiteiros e governantes letrado criaram as bibliotecas sem livros, um desafio para filósofos e delegados de polícia.

Os dois templos do nada foram projetados por Oscar Niemeyer e inaugurados em 2006. Deveriam custar algo mais que R$ 40 milhões cada uma. A Biblioteca Nacional de Brasília fica a 500 metros da catedral. Tem cinco andares e 14 funcionários, mas está fechada. Seu acervo de 50 mil livros ainda não foi catalogado. Os donatários esclarecem que o prédio tem capacidade para 250 mil volumes.

A biblioteca irmã tem três pisos, 1.200 metros quadrados e fica em Goiânia, no Centro Cultural Oscar Niemeyer. Está fechada porque não se pagou ao empreiteiro, que, por sua vez, apresentou contas que somam R$ 65 milhões. Ao contrário do que sucedeu em Brasília, tem acervo, mas os livros estão encaixotados, pois a instituição não tem funcionários.

Talvez o “Livro total” de Borges e a imaginação de Umberto Eco esclareçam o mistério. Tendo absorvido toda a sabedoria humana, o monge cego Jorge de Burgos, de “O nome da rosa”, percebeu a irrelevância do conhecimento [ em documentos convencionais] e organizou uma bibliotecas sem livros." [ colchetes colocados pela
Lista, Crônica de Elio Gaspari - Borges no Brasil: Bibliotecas sem
livros, acima referenciada]

Em uma época de documentos digitais o uso efetivo está relacionado a disponibilidade: a) quanto mais perto da fonte estiver o usuário maior e melhor a possibilidade de uso da informação; b) na nova economia existe uma uma enorme redução de custo para se produzir conteúdos digitais; c) ao se disponibilizar uma informação se estabelece uma conexão psicológica entre fonte e gerador. Nos
documentos digitais esta conexão é afável há uma harmonia entre a fonte e o usuário para entrarem e permanecerem em contato com rapidez; sem a inibição e a locomoção para os palácios da cultura de elite, onde impera a tensão de um uso baseado em aparatos de intermediação ideológicos e em tecnologias de interface complicadas e de simbologia fechada.

Os documentos de amanhã serão em sua maioria digitais e em redes. Porque continuar a construir enormes palácios vazios destinados a estruturas de informação que terão cada vez menos demanda de usuários para seu estoque de informação?

Aldo de Albuqurque Barreto

sábado, 22 de novembro de 2008

Engenheiro x Cientista

Conversando sobre ciência e filosofia, um amigo (Eduardo Mattos) reproduziu um comentário de John F. Sowa (no artigo Processes And Causality), onde o autor contrasta a posição do filósofo com a do engenheiro. Segue a passagem do texto:

6. Lattice of Theories

Although the world is bigger than any human can comprehend or any computer can compute, the set of all possible theories and models is even bigger. The entire universe contains a finite number of atoms, but the number of all possible theories is countably infinite, and the number of possible models of those theories is uncountably infinite. The ultimate task of science is to search that vast infinity in the hope of finding a theory that gives the best answers to all possible questions. Yet that search may be in vain. Perhaps no single theory is best for all questions; even if one theory happened to be the best, there is no assurance that it would ever be found; and even if somebody found it, there might be no way to prove that it is the best.

Engineers have a more modest goal. Instead of searching for the best possible theory for all problems, they are satisfied with a theory that is good enough for the specific problem at hand. When they are assigned a new problem, they look for a new theory that can solve it to an acceptable approximation within the constraints of available tools, budgets, and deadlines. Although no one has ever found a theory that can solve all problems, people everywhere have been successful in finding more or less adequate theories that can deal with the routine problems of daily life. As science progresses, the engineering techniques advance with it, but the engineers do not have to wait for a perfect theory before they can do their work.