Minha questão é saber como o ser humano pode viver melhor, e isso só a filosofia é capaz de responder...
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Como os gregos, nós hoje achamos que uma vida mortal bem-sucedida é melhor que ter uma imortalidade fracassada, uma vida infinita e sem sentido. Buscamos uma vida boa para quem aceita lucidamente a morte sem a ajuda de uma força superior." (Luc Ferry)

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A boa notícia é que já estamos salvos, a má é que vamos morrer.

“Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: “Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último.” Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa. Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder.”
— (Steve Jobs)

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Ontologias e seus espaços de aplicação

Queria dar uma palavrinha sobre ontologias e seus espaços de aplicação. Me refiro, de maneira bem geral, aos espaços público, social e privado e não à domínios específicos circunscritos nesses espaços.

Além disso, as ontologias a que me refiro aqui são, mais especificamente, modelos conceituais concebidos graças a conhecimentos que estão na confluência das áreas disciplinares da 
Filosofia, Ciência da Computação, Ciência da Informação e da Linguística. Na medida em que ontologias nos ajudam a refletir mais profundamente sobre a modelagem conceitual do mundo real, elas estão sendo desenvolvidas em todos os domínios da atividade humana onde se aplica a tecnologia da informação. Elas são ferramenta útil para dirigir e orientar o esforço de modelagem do real nos três espaços principais onde se dá a existência humana: no trabalho, na ciência e na economia, existimos no espaço social, por exemplo. Mas há ainda outros dois espaços, o espaço público e o espaço privado.

O espaço privado, que no mundo real é representado pela família, é onde o ser humano encontra descanso e cuida de sua sobrevivência no sentido mais natural de sua existência no mundo. Trata-se de um espaço hoje muito confundido com o espaço social. As ontologias encontram interessantes aplicações nesse espaço também, vide as redes sociais, facebook, twitter etc.

Para além dos espaços social e privado, há também o espaço público, tão caro aos gregos -- quando o indivíduo não era mais importante do que a coletividade -- e que vem se enfraquecendo desde a era moderna com a paulatina e gradual transformação da "polis" em "metro-polis". Na metrópolis, o espaço público se confunde com o espaço social (sem o cuidado que têm as cidades européias, algumas milenares, as nossas cidades são infelizmente organizadas para a produção e o fluxo de mercadorias e não para o encontro dos cidadãos).

Onde estaria o espaço público hoje, na contemporânea pós-modernidade?
Que desiludida ideia fazemos da política, exercício realizado na pólis?
O espaço público é por excelência o espaço da política, uma ordem acima da ordem da economia e da ciência. É no espaço público que o homem constroi a sua humanidade, mais do que no espaço social e privado. É nesse espaço que o homem excede a sua natureza, no sentido de ir além de sua mera reprodução e sobrevivência, e projeta no espaço comum, comunitário, público, a força da sua expressão, da sua vontade, da sua humanidade.

Pois quero notar que estão neste espaço público -- esquecido hoje, já que sobrepujado por uma vida cada vez mais individualizada -- interessantes aplicações de ontologias. Penso principalmente nas aplicações de dados abertos vinculados, governo aberto, governo eletrônico, e também nos WikiLeaks que se multiplicam pela internet etc. Aqui, pesquisadores de ontologia necessitam do socorro de disciplinas, para além daquelas que citei no início, como a Sociologia e a História e outras das humanidades.

Queria concluir imaginando que, na tarefa sem fim de modelar o real, há muito o que fazer ainda em cada um desses espaços: social, público e privado. Muitas aplicações virtuais serão desenvolvidas com apoio das ontologias. Cuidemos apenas para que no desenvolvimento e uso dessas aplicações estejamos atentos e não confundamos, como ocorre hoje, os espaços público, social e privado. São espaços bem diferentes, complementares e necessários.