Minha questão é saber como o ser humano pode viver melhor, e isso só a filosofia é capaz de responder...
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Como os gregos, nós hoje achamos que uma vida mortal bem-sucedida é melhor que ter uma imortalidade fracassada, uma vida infinita e sem sentido. Buscamos uma vida boa para quem aceita lucidamente a morte sem a ajuda de uma força superior." (Luc Ferry)

domingo, 26 de agosto de 2012

O sujeito existe como abertura do ser e é a consciência que o constitui


Inúmeras dimensões ou entidades constituem o nosso ser (que é sempre ser no mundo, espacial e temporal). São dimensões inseparáveis na prática, embora possam ser distinguíveis em teoria.

Teoricamente podemos esquematizar da seguinte maneira: há a sensibilidade, através dos cinco sentidos: tato, paladar, olfato, visão e audição (responsáveis por diferentes sensações e emoções: fome, sede, libido, desejo etc.) e há o pensamento, entendimento (ou razão) ... estão todos profundamente relacionados e, inseparáveis, vão constituindo o sujeito. São inseparáveis pois basta notar que só há razão se houver desejo de razão.

Mas há ainda algo que não foi mencionado... e o que seria essa terceira entidade a constituir o nosso ser, para além do sujeito?  refiro-me à consciência. A consciência é a dimensão que, colocando-se entre as duas outras, faz cessar a soberania do sujeito e exige obediência do ser ao seu próprio entendimento.

É ela, a consciência, que permite a liberdade do ser humano em relação à natureza. Com ajuda da razão, embebida e inseparável da sensibilidade, e orientada pelo conhecimento (i.e., a crença numa ordem exterior mais ou menos compreendida), a consciência delibera e gera a ação humana (que pode ser virtuosa ou não, adequada ou não).

A razão, a consciência e a sensibilidade inapelavelmente juntas constituem o ser, essas dimensões simplesmente parecem ter vida própria no meu ser!  Contudo, é a consciência em seus variados graus de potência que pode me libertar dos outros dois, quando esses me fazem mal; ou me permite, mais profundamente, beneficiar-me deles quando são bons.

É a consciência que me traz o sentido de presença; presença do sensível e do racional, da emoção e do pensamento.

Um exemplo? vejamos: se em determinada circunstância a emoção sensível vem espontaneamente ou causada por um pensamento (vem por causa dele, já que a razão é também uma espécie de sensibilidade), e eu não a dissimulo, eu não a nego, mas a compartilho (com uma simples frase, p. ex.) com outras pessoas a minha volta, então isso fará com que ela, a emoção, diminua e deixe de controlar o meu ser. Experimenta-se melhor então a plenitude do momento presente (presença), e tem-se a emoção do pensamento adequado, encadeado e racional.

Eis o efeito da consciência, da presença, do ser humano vivendo e experimentando o mundo. É ela a geradora da liberdade que o projeta para além do animal (identificado à natureza) e o aproxima do espiritual, que é separado do natural. Essa dimensão espiritual do homem, que é separada do natural e ao mesmo tempo contida nele (porque imanente), é o sagrado no homem. O conjunto do espiritual em cada ser humano conforma o divino. Nesse sentido a consciência é a verdade do ser. Ao longo da vida ela constitui o sujeito em sua essência, que poderá ser mais ou menos autêntica.


Esquema:

AÇÃO  <(dirige) = (condiciona)> PENSAMENTO <(orienta) = (elabora)> CONHECIMENTO
                                                               ^
                                                               ||=> DESEJO

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